ESPELHOS NO DESERTO
Espelhos no deserto... e não são para os bastidores de nenhum desfile para gravações da novela das oito! Espelhos no Deserto, que até parece nome de filme, é o projeto MEGA ULTRA SUPER de uma usina solar no deserto do Saara, norte da África que pretende abastecer de energia a Europa. Sonho? Com certeza alguém sonhou um dia e agora ele está aí...só falta um pequeno detalhe... 400 bilhões de euros para que vire realidade. Um bom investimento? O que você acha?
Boa leitura!
Bj
Rudáia
Uma megausina solar no Saara
Consórcio de empresas lança projeto megalômano que pretende produzir eletricidade no deserto africano, cruzar o Mar Mediterrâneo e abastecer a Europa.
A maior barreira é o custo: 400 bilhões de euros
Os desertos do planeta recebem mais energia do sol em seis horas do que todo o consumo da humanidade em um ano. Estima-se que apenas 1% da superfície de 9,1 milhões de quilômetros quadrados do Saara, onde o sol brilha 4 800 horas por ano, seria suficiente para suprir as necessidades energéticas de todo o mundo.
Esse potencial de fonte alternativa, no entanto, permanece até hoje mal aproveitado, pelas limitações logísticas que se impõem à geração de eletricidade em grande escala a partir da radiação solar. Um passo significativo no sentido de utilizar melhor a energia do sol foi dado, com a assinatura na Alemanha de uma carta de intenções num consórcio de doze empresas, que apresentou o Desertec, um projeto para produzir eletricidade no Saara, no norte da África, e abastecer a Europa.
Os números envolvidos são megalômanos. O custo estimado para a conclusão da obra é de 400 bilhões de euros, um valor equivalente a 40% do PIB brasileiro. O sistema de espelhos refletores, redes de transmissão e usinas cobrirá uma área de 6 000 quilômetros quadrados, em países no norte da África.
Concluso, o megaprojeto teria uma capacidade instalada de 100 gigawatts. O sistema conseguiria atender a 15% da demanda europeia em 2050. Com ele seria possível produzir energia o bastante para suprir o Brasil por seis meses, ou o equivalente a quatro Itaipus.
Seus idealizadores acreditam que, num mundo de crescente escassez energética e de necessidade premente de buscar fontes que não sejam de origem fóssil, são boas as chances de que o plano saia do papel. O investimento ganhou o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
"O Desertec nasceu de um desafio global de produzir energia limpa e atender às crescentes demandas energéticas no mundo", afirmou a VEJA Gerhard Knies, coordenador da Cooperação de Energia Renovável Transmediterrânea (TREC), fundação que conduziu o projeto. Para construí-lo, seriam empregadas 240 000 pessoas, seis vezes o número de trabalhadores que ergueram Itaipu.
Já existem outras usinas de geração de energia a partir do sol no mundo, mas numa escala muito menor. A maior delas se encontra no Deserto de Mojave, na Califórnia. Mas a capacidade do Desertec será 300 vezes superior à dessa usina americana.
Quatro Itaipus no deserto
A tecnologia será baseada na produção de energia solar por meio de placas fototérmicas. Milhares de espelhos enfileirados refletem os raios de sol para canos que contêm um fluido. No caso do Desertec, será um óleo especial. Esse líquido é aquecido a 100 graus e leva o calor até um reservatório com água. O contato do óleo quente com a água fria libera vapor, que é conduzido a turbinas. A transmissão da energia será feita a partir de tecnologia de corrente contínua em alta-tensão. Os cabos percorrerão uma extensão de até 2 000 quilômetros e cruzarão o fundo do Mediterrâneo.
Até 2050, há ainda um longo caminho a seguir. O principal desafio é, sem dúvida, o financiamento. Estima-se que o valor mínimo para o início das obras seja de 10 bilhões de euros, dinheiro alto em tempos de crise mundial.
Luís Guilherme Barrucho - Revista Veja
Fonte: Planeta Sustentável: http://planetasustentavel.abril.com.br/
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